O Base News entrevista nesta edição, Dr. Ronaldo Gotlib - Advogado especializado em Direito Imobiliário, Conselheiro da ABAMI, Colunista de Jornal do Brasil, Consultor jurídico do programa Silvio Samper da Rádio Tupi e Autor do "Guia Jurídico do Mutuário e do Candidato a Mutuário" e do livro "Casa própria ou causa própria? A verdade sobre os financiamentos habitacionais".
  
Base News - O ano de 2003 foi um ano de crescimento pouco significativo no mercado imobiliário em função de vários aspectos que envolvem uma mudança de governo. O que os profissionais deste ramo podem esperar para o próximo ano?
Ronaldo Gotlib - O ano de 2003 realmente se caracterizou como um ano de ajustes em razão de natural mudança na economia. Tratando diretamente da área imobiliária é natural esperar para 2004 um aquecimento para a economia, propiciando, principalmente, que sejam fomentadas novas formas de ofertar financiamentos para habitação, sejam diretamente para os interessados, pessoas físicas, ou através de ofertas para que incorporadoras possam investir em empreendimentos. Acredito que seja importante citarmos a esperada redução nas taxas de juros, buscada desde o ano de 1997, para que seja implantado de vez o Sistema Financeiro Imobiliário - SFI, o que, em razão de apresentar importante proposta de investimentos particulares para a habitação, representaria verdadeira inovação e fomento deste mercado, possibilitando o aporte de consideráveis recursos, em modalidade de investimento seguro, a permitir que, principalmente a classe média possa adquirir imóveis, sejam residenciais ou comerciais.

  
Base News - E em relação aos Financiamentos Habitacionais, o que pode ser esperado do governo?
Ronaldo Gotlib - Minha grande preocupação com a área de financiamentos habitacionais, não diz respeito ao que se pode esperar de novo em oferta de produtos para financiar a aquisição da casa própria, mas sim, o que será feito para resolver o problema de tantas milhões de pessoas que hoje são titulares de financiamentos habitacionais, e jamais conseguirão quitar suas dívidas, perdendo tanto os imóveis que sonharam adquirir, quanto os recursos investidos anos a fio na pretensão de adquirir imóvel próprio. Como citado na questão anterior, estamos diante do início de uma nova modalidade de financiamento habitacional, que representará novos recursos, porém, em contra partida, também traz em seu contexto, maior potencial de recursos para combater a inadimplência, possibilitando rápida retomada de imóveis. Ou seja, minha preocupação resume-se em meu entendimento de que a inadimplência não é culpa do mutuário, ou do promitente adquirente de imóvel, mas sim de um sistema que superfatura dívidas e provoca indesejável inadimplência. Neste aspecto, chamo a atenção para o fato de que, da mesma forma de sempre, nunca nenhum governo se preocupou com estas pessoas que hoje sonham, mas não mais com a casa própria, mas sim com a possibilidade de livrar-se deste pesadelo, que, cumpre ressalvar, continua sendo imposto a tantos sonhadores adquirentes.
  
Base News - Em maio, aconteceu o lançamento do seu livro. Como foi a repercussão do mesmo?
Manoel Maia - O livro teve boa repercussão do estado do Rio de Janeiro e será lançado no princípio deste ano em São Paulo. Como é um material inédito, dirigido principalmente a quem tem problemas de financiamento ou pretende adquirir imóvel através de empréstimos junto a agentes financeiros ou incorporadoras, tratando da matéria em linguagem acessível, inclusive com exemplos ilustrados, percebo que as pessoas, têm conseguido compreender, com certa facilidade esta espécie de negócio que é, sem dúvida, muito complexa. Aponto como fator de maior interesse, o capítulo que dediquei a ensinar como quitar um financiamento, vencendo as dificuldades, á citadas, que provocam o superfaturamento das dívidas, que acredito ajudará muitas pessoas a adquirir, em pouco tempo e através de financiamento, a tão sonhada casa própria.
  
Base News - Com a tecnologia estando cada vez mais presente da vida dos profissionais de todos os ramos de atuação, como você descreveria a importância dos profissionais do mercado imobiliário, inclusive os corretores de imóveis, se atualizarem profissionalmente nesta área?
Manoel Maia - Hoje quem não dispõe de recursos tecnológicos, está fora do mercado. A internet, uma rede de computadores, um serviço de call center de qualidade, são instrumentos básicos para qualquer trabalho dar certo. Quem está na área imobiliária, ou outra qualquer, precisa estar em consonância para coma rápida modernização, e informação, acompanhando os avanços, sob pena de não competir e ser lançado para fora do mercado. Na venda de um imóvel, por exemplo, é possível, hoje em dia, praticamente realizar todo o negócio via internet, desde a visita ao patrimônio até a retirada de certidões, análises de contratos, inclusive com reuniões virtuais. Enfim, não há como fugir desta realidade, e ainda mais, é preciso estar atento para, mesmo informatizado, não se permitir acabar desatualizado.